Análise
Autora:Suzane Reis Bonfim
Fênix
Flávio Venturini e Jorge Vercilo
Eu, prisioneiro meu descobrir no breu uma constelação
Céus, conheci os céus pelos olhos seus
Véu de contemplação Deus, condenado
eu fui a forjar o amor no aço do rancor e a
transpor as leis mesquinhas dos mortais
Vou entre a redenção e o esplendor de
por você viver
Sim, quis sair de mim esquecer quem sou
e respirar por ti assim
transpor as leis mesquinhas dos mortais
Agoniza virgem Fênix (O amor)
entre cinzas, arco-íris e esplendor por
viver às juras de satisfazer o ego mortal.
Coisa pequenina, centelha divina,
renasceu das cinzas onde foi ruína pássaro
ferido hoje é paraíso
Luz da minha vida, pedra de alquimia tudo o que eu queria
Renascer das cinzas
Quando o frio vem nos aquecer o coração
Quando a noite faz nascer a luz da
escuridão e a dor revela a mais
esplêndida emoção ... O amor
Rogel Samuel
(2005) retrata a lírica como algo que conta uma história, recorda emoções do
passado, a dificuldade solidária do vazio presente. Dizendo que o lírico é
sempre solitário, individualista no clima de intimidade e confissão das frases
solta das palavras e sugestões imprecisas, sendo elemento significativo em sua
essência.
Ao fazer
análise da música Fênix é possível constatar a aproximação do lirismo com a
música devido à presença das características que são marcantes e relevantes
nesse gênero literário.
Para o desenvolvimento da
análise, fazem-se necessárias algumas definições, tais como a relação entre
actante-sujeito e objeto-valor, e o seu estado passional, segundo a análise
semiótica. Mas, abordaremos cada uma delas, nos níveis correspondentes do
percurso gerativo do sentido.
Interpretação Musical, ou
o estudo do Signo musical e sua relação com o Interpretante (em sentido
peirceano), colocará em pauta a ação dos Signos musicais numa mente atual ou
potencial. Será, de forma geral, coordenado pelo conceito e divisões do
Interpretante e pela terceira tricotomia (Rema, Dicente e Argumento).
Começando pelo
titulo da música Fênix, a primeira instância pensamos que irá se falar do
pássaro, mas quando ouvimos a letra podemos verificar uma das maiores metáfora
que circunda a música a comparação do pássaro com o amor. Na primeira palavra
da música já podemos perceber uma característica forte do lirismo que é o uso
do “Eu” que dá ideia de falar de si próprio sendo subjetivista, mas nunca deixa
de falar do outro, sendo este, objeto de desejo.
Em seguida ele
começa a fazer o uso novamente de metáforas ao dizer que através dos olhos seus
conseguiu conhecer os Céus, deixando a entender que a mulher é algo muito lindo
e sereno como o céu perfeito, porém dando prosseguimento a letra ele começa a
relatar sobre o sofrimento desse amor que lhe foi condenado a esquecer levando
esse amor para o plano dos mortais, outra marca importante do lirismo onde
demonstra a tristeza o lamento da morte do amor.
No verso “vou entre
a redenção e o esplendor de por você viver” podemos constatar nesse verso a
presença do “e” coordenação aditiva que
no lirismo tem a finalidade de expressar à emoção lírica, e também que esse
amor antes estava condenado a não mais existir, porém ele conseguiu sobreviver
e chegar ao esplendor.
Na linha “Sim,
quis sair de mim e esquecer quem sou
e respirar por ti assim transpor as linhas mesquinhas dos mortais” podemos
perceber que o eu lírico tenta fugir, querendo transferir esse amor para outra
dimensão, as leis insignificantes dos mortais ele queria ficar livre desse
amor. Mas uma vez podemos perceber o uso do conectivo aditivo e para demonstrar toda uma emoção
lírica.
Ao ouvir a
música, foi possível preceder que no momento que ele diz mortais, ele segura o
tom, o que da a ideia de sofrimento e logo após vem a parte instrumental o que
faz confirmar um toque suave como se ele quisesse se libertar desse sofrimento
e reviver esse amor sendo confirmado no verso “Agoniza virgem Fênix (O amor)”. É o momento
que o eu lírico começa a sentir a força desse amor que apesar de ter virado
cinza, foi forte, sobreviveu e virou arco-íris, ganhou um novo sentido ganhou
cores. Ele agora não fala mais de redenção no verso a seguir e sim “Esplendor
por viver ás juras de satisfazer o ego (eu) mortal”. Novamente podemos
constatar a subjetividade.
Ele começa a
descrever o amor que imaginava ser tão pequeno, porém com apenas uma partícula é
a faísca de luz que é a centelha divina do amor, ele renasce das cinzas. Faz a
comparação novamente do pássaro com o amor que antes era sofrimento e com o
surgimento do amor ele agora vai ser paraíso.
A música chega
ao seu ápice. Ele altera a sua voz. Expõe toda sua emoção, a uma explosão de
sentimentos com o reviver da Fênix. Declara o seu amor, o desejo de viver esse
amor é realizado, quando o amor renasce das cinzas. Fazendo uso de mais uma
metáfora as cinzas que na primeira parte música tem significado de todo o
sofrimento de um amor retraído sem cor, sem perspectiva.
Na última
parte da música o uso de paradoxo “quando o frio vem nos aquecer o coração”
esse frio é representado pelo amor que começa a preencher o coração ele vai
perder a noção do senso comum. Continua na última linha dizendo “Quando a noite
faz nascer a luz da escuridão e a dor revela a mas esplêndida emoção... O Amor”
ele finaliza fazendo o uso do conectivo aditivo e confirmando a presença do
lirismo.
Então
percebe-se que a música é constituída de dois momentos, o primeiro vai está voltado para um homem que vive antes
do eu lírico na escuridão, tem um amor adormecido,
ele é prisioneiro desse amor que vivendo
no breu o amor tinha virado cinzas. Já no segundo momento com chegada do eu
lírico quando a Fênix (o amor) renasceu das cinzas podemos perceber que as
cinzas vai ser substituída por um arco-íris que vem simbolizar a chegada desse
amor, a constelação a presença de luz, o pássaro que era ferido virou paraíso
com o renascer do amor.
Conclui-se que a música Fênix é o próprio eu lírico
a música ela tem essa característica de emocionar rapidamente falando de si
mesmo, sendo subjetiva fazendo o uso de metáforas, mostrando os seus
sentimentos. Angélica Soares (2005) nos diz que o lírico faz uso de recursos
sonoros e de significação se aliam de tal forma, que criam uma unidade. Podemos
perceber este fato na mudança do ritmo da voz do cantor, que transmite a dor e
posteriormente a sua felicidade de ter conseguido o seu objeto de desejo.
Referências
PEIRCE,
C.S. (1984) Semiótica e Filosofia, 3a ed., trad. Octanny
Silveira da Mota e Leonidas Hesenberg, São Paulo, Cultrix.
TATIT,
Luiz Augusto de Moraes, Semiótica da Canção – Melodia e Letra
(São Paulo: Escuta, 1994).
BARROS,
D. L. P. Teoria semiótica do texto.
São Paulo: Ática, 2001.
SOARES,
Angélica. Gêneros literários. 7. Ed.
São Paulo: Princípios, 2005.
A melhor interpretação da letra e melodia que ja li.
ResponderExcluirCom certeza maravilhosa interpretação, obrigado.
ResponderExcluirPerfeita!E para o meu momento caiu divinamente bem!
ResponderExcluirEstou encantada com essa análise! Parabéns!! Essa música sempre né tocou agora, muito mais! Obrigada.
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